Recital de Schubert – 01 de Outubro de 2017 – Daniel Paranhos

Para iniciados (mas não só para eles)

Espetáculos temáticos de música erudita já são raridade em nosso país, mais ainda fora do circuito das grandes capitais. Trata-se de um requinte na arte de apreciar a boa música e, quando acontecem são um verdadeiro presente para os amantes dessa arte.
Quem já despertou para o mundo da música clássica consegue, ao ouvir, identificar o estilo, o período e até alguns autores, mesmo que não conheça a peça.
Mas você já pensou em sair de um recital de música com a vívida e emocionada sensação do espírito musical característico de um determinado autor? Pois posso assegurar que quem assistiu o espetáculo deste domingo teve essa rara e preciosa oportunidade.

 

É parte do serviço do músico executante procurar se impregnar do universo emocional e sensorial das peças e dos autores que executam. Isto é absolutamente necessário. Senão de que outra forma poderiam transmitir com sinceridade a alma das obras?

Talvez justamente por perceber ou ao menos intuir essa intimidade que os intérpretes buscam com as obras e seus autores, eventualmente sentimos, após ouvi-los, que há algo mais a extrair deles. Então eu mesmo lhes perguntei sobre o entusiasmo com que tocaram. E me disseram que tocar Schubert é diferente de tocar Beethoven ou Mozart, por exemplo.

Insisti querendo saber como e porquê. Ao tentarem me responder percebi que tinha adentrado uma esfera da experiência humana e artística muito complicada de se verbalizar.

Muito embora não tenha conseguido compreender muito bem as respostas, percebo que meu conhecimento musical se aprimorou. Porque antes desse recital nunca haviam me ocorrido tais questões. Assim como foi a primeira oportunidade de dirigi-las pessoalmente aos nossos emocionados intérpretes.

Camboriú, 3 de outubro de 2017.

Daniel Paranhos
Arquiteto, músico amador
 e amante da música.

 

 

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