#DICA: Estudos Musicais

1 – Estudar é perseguir habilidades que você não tem ou consolidar as recém-adquiridas.

O primeiro passo para uma boa sessão de estudos é definir bem o que é estudar. Estudar é dedicar um tempo para, deliberadamente, adquirir habilidades, conhecimentos ou informações novas ou consolidar as que você adquiriu tão recentemente que pode perdê-las. Em textos acadêmicos, isso é chamado de prática deliberada (deliberated practice).

Tocar o que você já sabe não é estudar. Tocar uma música do começo ao fim para ver o que acontece não é estudar. Tocar apenas o trecho que você já sabe de uma música não é estudar. 

Você deve tocar, deve brincar com o instrumento, deve se permitir um momento de diversão, criatividade e leveza com a música. Mas você também deve estudar. 

2- O que pode ser medido pode ser melhorado.

Ao medir as suas sessões de estudo você consegue melhorar a forma de estudar, e descobrir maneiras de obter mais resultados em menos tempo. Estudar por metas é o caminho para medir sua evolução.

Uma meta é um objetivo auferível. Além da habilidade que você busca, inclua na meta números que permitam medir seu sucesso e criar uma “barra de status”. Estes números podem ser o tamanho do trecho, a velocidade, o limite de erros tolerados, entre outros.

Passe a determinar metas nas suas sessões de estudo e você poderá identificar quais estratégias dão mais resultado, quais os trechos mais difíceis de uma música, entre outras informações valiosas de autoconhecimento. E, de bônus, antes de pegar no seu instrumento você já saberá com clareza o quê estudar, como, e quanto tempo deve levar.

3- Evoluir é cumprir metas.

Embora haja uma literatura e mesmo mitos de colegas e professores incentivando a auto-clausura por várias horas como a única forma de evoluir na música, a verdade é que o tempo com o instrumento na mão não quer dizer muita coisa. O número de metas que você cumpre, por sua vez, sim.

Claro que, para cumprir muitas metas, é preciso muito tempo. Mas muito tempo desperdiçado sem cumprir uma única meta de estudo não te levará longe.

O caminho para tocar melhor não é medido em horas com o instrumento na mão, mas em número de metas cumpridas. A cada meta cumprida você avança mais um passo. Um bom dia de estudo é um dia com muitas metas cumpridas. Às vezes isso vai levar pouco tempo. Muitas metas em pouco tempo se chama eficiência.

 

4- Seu cérebro tem limites.

Estudar é adquirir habilidades novas ou reafirmar as recém-adquiridas. Mas sua capacidade de armazenar, processar, e dominar informações novas é limitada. Respeite este limite.

Ao tentar forçar uma quantidade maior de informação no seu cérebro que ele é capaz de lidar, sua mente acaba selecionando o que ela assimila e o que ela joga fora. Em geral a escolha é para aprender o que já se sabe – justamente a parte que menos te interessa.

Trabalhe trechos menores. Reduza a velocidade. Inclua elementos de estudo mental mesmo nos estudos mais manuais (como falar em voz alta o nome das notas ou as subdivisões do ritmo). Faça pausas. Cochile em algum momento do dia. Exercite seu corpo. Garanta que tudo que você está estudando será assimilado pelo cérebro. 

 

5- Acertou? Faça algo. Errou? Faça outra coisa diferente.

Uma das características mais importantes da prática deliberada, daquele momento em que se estuda para, de propósito, adquirir habilidades novas ou consolidar as recém adquiridas, é prever consequências diferentes para cada resultado possível. Ou seja, a consequência do acerto não pode ser a mesma consequência do erro. 

Entre as coisas que podem ser feitas para marcar a diferença, uma delas é analisar a origem do erro. Acertar é apenas fazer as coisas que devem ser feitas na ordem e momentos adequados. Faltou algo? As ações estão desorganizadas? As coisas estão acontecendo na hora certa? Corrigir isso levará ao acerto. 

Outra forma de prever consequências distintas é utilizar jogos de controle, uma forma lúdica de se motivar para seguir estudando. Falaremos mais sobre isto adiante.

 

6- Metas indicam estratégias.

Após ter clareza, com números, de sua meta, as estratégias para alcançá-las surgem à mente com facilidade. Por exemplo, metas relacionadas à definir a digitação de um trecho vão indicar como estratégias possíveis tocar lentamente, pesquisando possibilidades; consultar vídeos, colegas, ou seu professor; ou trabalhar em paralelo duas opções de digitação para testar quais das duas soa melhor após três ou quatro dias.

Portanto, metas distintas vão exigir estratégias diferentes. Isso significa que suas sessões de estudo não serão sempre do mesmo jeito, e que você precisará ter estratégias diferentes na manga.

Além disso, isso quer dizer que você não estudará sempre com metrônomo – mas você usará o metrônomo quando necessário.

 

7- O metrônomo é o melhor amigo do músico. O cachorro fica no máximo em segundo lugar.

Toda sessão de estudos precisa de quatro itens para começar: lápis, partitura, instrumento e metrônomo. Claro que você não usará tudo o tempo inteiro – nem o instrumento. Mas, se você não usar nunca qualquer um dos quatro, seu progresso tende a esbarrar num limite – baixo, diga-se.

Destes itens, o que mais vejo subutilizado é o metrônomo. Tenho conhecido estudantes que dizem, orgulhosos, tocar há cinco, dez anos, sem jamais usar o metrônomo. Não preciso que eles o digam – aliás, qualquer bom ouvinte consegue percebê-lo. 

Metas relacionadas a velocidade, precisão, ritmo, controle, entre outros, precisam de metrônomo para maior eficiência. Estudar técnica sem metrônomo, nem pensar!

Evite os apps de metrônomo. O celular é uma fonte de distrações. Mas é melhor que nada.

 

8- Lápis e papel evitam distrações.

O virtual é ferramenta importante pro estudo. Seja um curso online, um ebook, gravação, vídeo, dicas em blogs, mensagens trocadas em redes sociais, temos no mundo virtual ferramentas poderosas que nos ajudam a ir mais longe e mais rápido. 

Mas o mundo virtual também tem filmes, bate-papos, piadinhas, e um sem fim de distrações que contribuem pouco para nos tornamos melhores em qualquer coisa. Claro, todo mundo precisa de pausas, mas o tempo do estudo é para o estudo. Separe um tempo para pausas. 

Colocar o mundo virtual no silencioso e trabalhar o mais offline possível melhora sua rotina de estudos. Mantenha lápis e papel à mão sempre. Aquele pensamento que não tem nada a ver com música veio? Superou um obstáculo e precisa se lembrar daquela informação? Anote e volte a se concentrar. Mas, na hora, anote apenas a lápis. 

 

9- Jogos de controle deixam o estudo mais divertido.

É importante que a consequência de acertar um trecho musical seja diferente da consequência de errá-lo. Além da análise do que causa o erro, outra forma de garantir consequências diferentes é o uso de jogos de controle. 

Além de garantir este ponto importante da boa prática deliberada, os jogos de controle ajudam a tornar as sessões de estudo mais divertidas transformando cada meta num pequeno jogo cuja vitória é recompensada com uma dose de dopamina. 

Outro ponto positivo dos jogos de controle é que eles transformam sua necessidade de repetição com perfeição em um superpoder que te ajuda a vencer os joguinhos ao invés de uma rotina chata e desgastante. Mais adiante vamos explicar alguns jogos de controle que vão adicionar diversão à sua sessão de estudos.

 

 

Fonte: https://alvarohenrique.com/pt/2019/12/27/20-dicas-para-um-2020-estudando-musica-melhor/

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